O mau-olhado

 Vocês todos já devem ter ouvido falar em mau-olhado, não é mesmo? Pois bem, segundo a crendice popular, mau-olhado é o poder que certas pessoas tem de causar desgraça aos outros só com o olhar.
 Ninguém sabe ao certo como começou essa crença - talvez um olhar de inveja ou ódio tenha coincidido com a desgraça de alguém, surgindo daí a ideia do poder maligno dos olhos -, mas sabe-se que ela é muito antiga e difundida.
 Os gregos da antiguidade usavam a cabeça da Medusa - monstro lendário que tinha serpentes em lugar dos cabelos - para repetir o mau-olhado, e desenhavam ou gravavam olhos em objetos para defendê-los das forças invisíveis do mal. Os romanos também acreditavam no fascinatio - palavra latina para mau-olhado. O poeta Pérsio, em sua segunda sátira, fala de fios coloridos que colocavam no pescoço das crianças para evitar o mau-olhado.
 Essa crença ainda é muito comum na Itália, onde é conhecida por Malocchio ou iettatura. Em geral, ao longo do Mediterrâneo e na Arábia, a crença do mau-olhado é uma realidade. Para evitá-lo, os árabes dizem: Ma sha'llha (o que Alá quiser). Os "suras" do Alcorão - livro sagrado dos muçulmanos - também são recitados para afugentar o mau-olhado.
 Na Escócia, as palavras struck ou overlooked (atingido ou dominado pelo olhar) eram usadas para indicar o gado afetado pelo mau-olhado.
 Malocchio, em italiano; evil eye, em inglês; böser blick, em alemão; mal de ojo, em espanhol; ou ainda, em português, olho grande ou olho gordo, todas essas expressões significam a mesma coisa: mau-olhado.
 Para combater o mau-olhado muitos amuletos são usados: figa, cominho, meia-lua, corcunda, elefante, etc. Muitos deles são em forma de jóias, broches ou penduricalhos para correntes ou chaveiros.