07/06/2012

Arte Oriental


Até bem pouco tempo os orientais achavam que os povos do ocidente não eram civilizados, não tinham cultura e os chamavam de bárbaros. De certa forma tinham razão pois, até o fim da Idade Média - portanto antes do Renascimento - a barbárie campeava na Europa. Com exceção das civilizações grega e romana (depois extintas), todas as outras civilizações e conseqüentes manifestações artísticas, vinham da Ásia - do Oriente Médio e do Extremo Oriente.
Por outro lado, alguns acreditam que a história das artes europeias e até as da bacia do Mediterrâneo pode ser contada desprezando as artes do Extremo Oriente, cuja influência no ocidente só foi exercida esporádica e superficialmente. Também não se pode aceitar a afirmação de que a China possui civilização e artes plásticas mais antigas do mundo, pois nas épocas brilhantes da arte egípcia, a China só produzia uma cerâmica primitiva. E mesmo quando os mármores do Partenon eram trabalhados por Fídias, a China ainda não passara dos vasos de bronze, ainda que esses tivessem grande valor artístico. O que se pode afirmar é que a China possui a mais antiga civilização continuada do mundo.
Muito embora a expressão "Extremo Oriente" seja empregada, com relação à China, Índia, Japão e Coréia, mais em função da distância geográfica entre estes países e o Ocidente, também insinua um afastamento cultural difícil de transpor. E mesmo com relação a outras regiões da Ásia, havia (e há) muitas incompreensões.
Em função do distanciamento cultural e geográfico, é fácil entender o relacionamento complicado e tumultuado entre Ocidente e Oriente, inclusive a tendência de considerar negativamente as manifestações artístico-culturais asiáticas. Muito contribuiu para isso os hábitos e convenções opostas aos nossos costumes e tradições, como por exemplo o luto, que por aqui é preto e lá é branco, a maneira de ler um livro é diferente, eles começam a leitura pela última página, etc. Somente nas décadas de 20 e 30 do século XX, mediante diversas exposições compreensivas realizadas no Ocidente, foi que a arte oriental ofereceu um panorama mais completo para os ocidentais.
Até o final da Idade Média, os desertos, montanhas e outros acidentes geográficos, sem falar nas diferenças políticas, eram uma barreira quase intransponível entre estes dois mundos. No caso da China, o isolamento só era rompido levemente pelas Rotas da Seda, e mesmo sua comercialização era feita por uma corrente de intermediários que impedia qualquer contato com os chineses. No século XVIII os árabes andaram brigando com os amarelos, mas logo o Islam passou a intermediário, transportando não só a seda, como invenções chinesas tipo o papel e a Imprensa, ao mesmo tempo que os chineses recebiam ensinamentos sobre matemática e astronomia.
Entre o segundo milênio e o nascimento de Cristo, as civilizações do Extremo Oriente cresceram e floresceram, ao mesmo tempo que se isolava de outras culturas. Somente no Sul houve um canal de comunicação ininterrupto com o Sudoeste asiático, que ficou imbuído da cultura chinesa. Foi aí que a civilização indiana entrou em contato com a chinesa, aparecendo nas artes importantes e interessantes criações híbridas em várias regiões. Finalmente, a proximidade de povos menos civilizados fez com que os chineses ficassem convictos de sua superioridade cultural, o que de fato eram durante os séculos medievais. Foi essa cultura que se infiltrou pelo nordeste da Coréia (importantes intermediários) e atingiu as ilhas japonesas. É importante ressaltar que a Religião, como sempre acontece, teve um papel importante no desenvolvimento das civilizações e artes naquela região. O budismo, com sua iconografia helenizada, conquistou completamente o Extremo Oriente.
Nas próximas edições vamos tentar contar a história da arte na Índia, China, Japão e Coréia. Por ser um trabalho muito complexo, que envolve muitos séculos, da diversidade e da riqueza das civilizações, vamos nos basear mais no período histórico, sem abandonar alguns aspectos da pré-história que vieram à luz através da arqueologia. Em função de numerosos achados arqueológicos, podemos afirmar que o período Neolítico (até 2500 a.C., situado entre o mesolítico e a idade dos metais, quando o homem já está polindo a pedra, dedica-se à cultura, domestica animais e constrói cidades lacustres), dos referidos países, está mais ou menos documentado e a partir daí é possível acompanhar a evolução artística e o desenvolvimento destas civilizações.

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