03/12/2012

Pajé e pajelança


Os índios não tem médicos nem consultórios como os homens da cidade. Então, quem é que trata das suas doenças? O feiticeiro, ou pajé, como é conhecido na língua dos índios tupis.
 Só que o pajé não trabalha como médico, é claro. Ele tem seu método próprio. E esse método chamado pajelança, ou seja, todo o ritual que ele pratica para conseguir as fórmulas mágicas para curar o doente. E ele obterá essa cura por meio do espírito "encantado" de homens e animais, conforme nos explicam os estudiosos Luís da Câmara Cascudo e Renato de Almeida.
 Muitas pajelanças são baseadas na zoolatria, isto é, o culto ou adoração de animais. As tribos do norte do Brasil acreditam que baixam do céu, por uma corda, alguns seres fantásticos para fazer a cura. São eles: o jacaretinga, a mãe-do-lago, a cobra grande e outros. Os doentes ficam à espera, enquanto pajé faz seu trabalho. Ele e seus acompanhantes bebem tafiá, uma bebida para "esquentar".
 Aí um daqueles bichos fantásticos se encarna no pajé, isto é, entra em seu corpo. O pajé pergunta então como é a cura para o mal e, conforme as indicações, vai fazendo benzeduras, passes mágicos e defumações. Se o bicho não sabe a cura, indica outro bicho que sabe. Aí o pajé despacha o primeiro bicho e procura encarnar o outro, o entendido. Então acontece uma coisa engraçada: o novo bicho, ou seja, o seu espírito, às vezes quer dançar e diverti-se antes de fornecer a cura... e o pajé sai dançando e pulando, na imitação do bicho brincalhão.
 Em geral, o "remédio" usado é a puçanga, uma bebida mágica. Tanta feitiçaria e tão pouco remédio explica-se pelo seguinte: para o índio, a doença não é uma coisa natural, mas algo provocado por um poder maléfico que só poderá ser anulado por outro maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário