21/06/2012

Arte Ambiental


Embora seja um tema muito novo para mim, e provavelmente polêmico, porque normalmente qualquer coisa sobre arte o é, me arrisco aqui a trazer um pouco sobre o que ando vendo do assunto.
A arte ambiental é um trabalho de completa interação do autor com o meio ambiente, e se faz em assentamentos existentes. Cheia de vários artefatos e estruturas provisórias, a “land art” modifica ao máximo as qualidades do lugar, abrindo às pessoas um novo horizonte de possibilidades de vivenciar os espaços, em geral vulgares, que utiliza cotidianamente.
Sua influência no paisagismo da década de 80 foi especialmente forte e mantém-se até hoje, tendo como nomes influentes Walter de Maria, Christo, Carl André, Gary Dwyer, Andy Goldsworthy, Robert Smithson e Richard Long.
A obra de christo talvez seja  mais chamativa do grupo, controvertida e intervenções relativamente próximas do público comum. Abarca desde de envolver edifícios até criar no deserto do Arizona a ampla “Running Fence”. Esta obra constituiu em fazer pender uma lona brilhante e colorida ao longo de cabos de aço, como se fosse um varal de dimensão longitudinal infinita. Ao concluir-se a obra, ela foi fotografada em profusão e depois foi desmontada. Ali não houve intenção nenhuma de desenhar uma paisagem, induziu-se apenas uma nova maneira de refletir acerca da relação convencional que associa os materiais e as formações naturais com o mundo artificial, que desenha o ser humano. Nesse tipo de obra o artista não contempla a paisagem, ele participa dela.         
 Walter Maria por sua vez fez entre 1971 e 1972 perto de Quemado (Novo México) uma obra de 1,6km no sentido leste oeste e 1km no norte-sul. Nesse grande retângulo criou uma quadrícula regular onde dispôs, em quadrados  de 67m de lado, 400 mastros de aço inoxidável, de 5 cm de diâmetro e 6 m de altura. Os mastros emitiam um fulgor inquietante no meio da paisagem do deserto. Quando nuvens tormentosas aproximavam-se, em meio às tempestades, os mastros transformavam-se em condutores luminosos das faíscas elétricas frequentes que caíam na região.
Uma das linhas de pensamento é marcada pelo comprometimento do artista em responder às forças atrozes, ingovernáveis e ocultas da natureza. Dessa forma Robert Smithson e Richard Long traçaram na paisagem formas enormes e misteriosas. A “Spiral Jetty” que Smithson traçou no Great Salt Lake, um espiral de tamanho colossal, constituída de pedras e seixos rolados do lugar. Atualmento ela só pode ser vista do ar ou de um ponto elevado das imediações, pois encontra-se submersa no mar, sofrendo, como se previu, o efeito erosivo da água.
Todas as informações até agora foram retiradas (com modificações) do livro “Desenho Ambiental” de Maria de Assunção Ribeiro Franco. Mas para concluir uma pequena reflexão do navegante sobre o assunto. A arte ambiental na sua definição não apresenta conexão com a preocupação ambiental atual, tendo seus trabalhos resultados diferentes para com ela. Alguns salientam a capacidade transformadora e moldadora do homem enquanto que outros focalizam no poder e na ação da forças naturais, o que é uma curiosa semelhança com a posição da humanidade hoje, alguns fechados à visão de ser o umbigo do universo tendo o direito de moldá-lo e outros assustados com os acontecimentos naturais consequentes de nossas próprias ações (ou não). Claro que não acredito que podemos resumir as posições dos homens à esses 2 jargões como se fossem batatas e dois sacos de batatas, da mesma forma que os artistas ambientais devem querer meu pescoço por resumi-los de maneira tão simples, mas fica aqui minha reflexão sobre os dois e minha admiração aos capazes de criar tais obras.
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